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A violência contra a mulher – O ventre que gera vida não pode sangrar - por Arimar Souza de Sá

foto - edição Rondonoticias

Arimar Souza de Sá*

O Brasil tem sido pródigo e sangra suas mulheres. As estatísticas de agressões, estupros e mortes não são números: são epitáfios frios de uma sociedade adoecida. Cada dado é um grito interrompido, uma dignidade esmagada, uma vida reduzida a silêncio para engrossar as estatísticas.

Bater ou violentar uma mulher é uma das maiores indignidades morais da condição humana. É a violência em seu estágio mais bruto, animalesco e covarde. É a ruindade lançada contra quem carrega o dom sagrado de gerar a vida. Não há justificativa possível. Há crime. E crime exige punição firme, sem atalhos, sem desculpas, sem indulgência, sem nada...

O pior é que essa barbárie tem rosto. Tem endereço. Lembro de uma professora de Candeias do Jamari que denunciou o agressor, buscou ajuda e foi assassinada ao voltar para casa. Como se não bastasse, o criminoso ainda atacou o pai da vítima. Um retrato nu da brutalidade.

Ferir ou matar uma mulher — física ou psicologicamente — é escolher o tacape da barbárie quando o que se exige é razão, humanidade e civilidade. É transformar o lar em trincheira. É reduzir a vida à condição de posse. É o fracasso moral em estado puro.

Ora, é inadmissível que, em pleno século XXI, a violência contra a mulher cresça como erva daninha em terreno abandonado. Parece que a civilização engatou marcha à ré, resgatando práticas sombrias travestidas de modernidade. É o atraso com maquiagem nova. Cruz credo! O quadro é grave. Escandaloso. E exige reação imediata.

Se o debate ganha luz no Ministério Público de Rondônia, que essa luz seja farol — não lâmpada fraca. Mas nenhuma instituição, sozinha, dá conta do problema. É preciso que a sociedade feche fileiras, endureça o discurso e sustente, sem vacilos, a erradicação dessa chaga moral.

Façamos, então, cara feia — como tem feito o procurador de Justiça e escritor Heverton Aguiar — a esses pseudos-homens, valentões de quintal e covardes de consciência. Que o tema ecoe nos lares, nas igrejas, nas escolas, nas feiras, nos parlamentos e nos gabinetes do poder. Porque o silêncio também agride brutalmente.

Por honestidade os homens precisam reconhecer. A mulher já não caminha à sombra. Ocupa o centro da cena social — ainda que parte da plateia insista em aplaudir a violência. As estatísticas são o espelho quebrado de uma sociedade que evita encarar o próprio rosto.

Somam-se a isso outras mazelas, como a omissão vergonhosa no combate ao álcool e às drogas — caldeirões onde a violência doméstica ferve. As maiores vítimas são mulheres, mães e esposas, muitas delas feridas pela dor de filhos perdidos e companheiros dominados pela fúria entre quatro paredes.

Mas ainda assim, elas resistem. Rasgaram o véu mofado do machismo e se firmaram como pilares, faróis e bússolas de um novo tempo. Nunca devem ser silenciadas, violentadas ou exterminadas. Igualam-se — e muitas vezes nos superam — em inteligência, sensibilidade e força.

A esperança nasce quando a brutalidade recua, o diálogo avança e o feminicídio perde espaço. Quando construirmos uma sociedade de homens, não de “machos”. Quando expulsarmos a arrogância primitiva de nos julgarmos donos do mundo e das mulheres. Todos fomos gestados no ventre de uma mulher. Viemos ao mundo pelo milagre da coragem feminina.

Por isso, deixo um apelo direto ao homem do meu tempo: meça o peso moral de seus atos. Tens mãe, irmã, filha ou companheira. Ficarias inerte se a violência as alcançasse?

Então proteja. Respeite. Cuide. As mulheres são sementes do mundo — e nenhuma semente floresce sob o punho da brutalidade.

Que o amor, a inteligência e o respeito prevaleçam.
Que a violência seja lançada ao lixo da história.
Porque, enquanto houver silêncio, haverá sangue e vidas que não voltam mais.

Que Deus nos ajude. Amém.

O autor é jornalista, advogado e apresentador do Programa A VOZ DO POVO da Rádio Caiari, FM.

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Nota de responsabilidade

As opiniões expressas neste texto são de inteira responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a posição editorial deste jornal.

Crônica de Fim de Semana - Mutirão de Amor , por Arimar Souza de Sá

Crônica de Fim de Semana  - Mutirão de Amor , por Arimar Souza de Sá

foto - edição Rondonoticias

Hoje é sexta-feira! No banho da manhã, deixei a água cair nos ombros como quem lava a alma, ouvindo a música Mutirão de Amor, na doce voz de Roberta Sá — (logo SÁ)

— e no balanço gostoso de Zeca Pagodinho. Enquanto ensaboava o corpo para sair e enfrentar a vida, escutei essa composição de Jorge Aragão lembrando que “cada um de nós deve saber se impor e até lutar em prol do bem-estar geral”...

Ah, Jorge Aragão… esse poeta do cotidiano que transforma sabedoria popular em melodia. E eu, no meu palco exclusivo de azulejo, cantei à beça, me alinhei a ele para começar o dia do jeito certo.

Respirei um ar puro, me enchi de entusiasmo e “vambora”. A música me conduziu a propor ao povo rondoniense — e por que não ao Brasil inteiro? — um Mutirão de Amor, pedindo um pouco de descanso para o coração do país. Abri a janela, deixei o sol entrar devagar e permiti que a melodia tomasse conta da casa. Afinal, diz o poeta na canção: “afastar da mente todo mal pensar, saber se respeitar, se unir pra se encontrar”...

E foi ouvindo e viajando em cada verso que pensei nesse Brasil cansado. Cansado de Lula versus Bolsonaro, de esquerda e direita, de discussões que começam no café e terminam no jantar. Um país exausto de tropeçar, dia após dia, nos ressentimentos deixados no meio da sala da nação como se fossem decoração permanente — poeira emocional que ninguém varre, móvel pesado que ninguém muda, pedra de tropeço que se recusa a sair do caminho.

Nas padarias, no zap da família, no trabalho… basta olhar. A polarização senta no meio da conversa, ajeita a cadeira e não vai embora. Rouba o riso, abafa o afeto e empurra para longe a leveza que merecemos. O que deveria ser congraçamento vira frustração — e às vezes até briga da braba. Ave Maria!

Mas, felizmente, existe outro Brasil. O Brasil silencioso. Aquele que acorda cedo, faz uma oração antes de sair, paga as contas, abraça forte quem ama e não tem tempo para ódio porque está ocupado vivendo. A brava gente desse Brasil sadio sabe que o remédio não está na farmácia, mas no suor do rosto, no respeito, na união e no olhar mais demorado sobre o outro — remédios da alma, desses que não vêm em caixa, mas que curam feridas profundas.

É esse Brasil que a música Mutirão de Amor inspira. É esse Brasil que pede — com voz mansa — um mutirão de amor coletivo. E não é amor de novela das seis. É amor de gente grande: que desarma, que desencana a conversa, que derruba muros, que baixa a febre das ideias inflamadas.

Um amor que começa no básico: ouvir sem atacar, discordar sem destruir, perdoar sem humilhar, conviver sem ferir e, como diz Aragão, ‘se manter respeitado para ser amado’. Isso sim é amor de verdade!

É claro que o mutirão que proponho, em parceria com o compositor, começa dentro da gente — no instante em que arrancamos o mal pela raiz, esse mal que se esconde atrás do famoso: “é minha opinião, respeite”. Mal pensar é escolha, mas o bem também é. E toda escolha é uma porta: ou abre para luz, ou abre para o breu.

Ora, o país está faminto de gestos pacíficos. De boas palavras. De vozes que cantem — mesmo desafinadas como a minha no banheiro — lembrando que a vida pode ser simples. De gente que não dá palco para os malvados — porque malvado sem plateia murcha, se lasca. De quem perdoa porque sabe que rancor pesa — e pesa como pedra molhada. De quem entende que amor não é fraqueza — é virtude da boa.

Pois é! Se cada um fizer a sua parte — e aqui não tem frase pronta, tem convocação — as barreiras viram pó. Sobra espaço e luz para o reencontro: com o bom dia conciliador, o deixa pra lá, o você tem razão, o “vamos juntos nessa?”.

Estejam certos: o Brasil não precisa de heróis. Precisa de pessoas normais — tipo eu, você. Gente disposta a colocar menos raiva e mais serenidade nas conversas. Menos incertezas e mais coração.
No fim, ser feliz não é projeto individual — é obra coletiva, porque gastar energia com besteira é uma m...

E se a gente começar agora, talvez o país acorde neste sábado mais leve: sem muros, sem punhais na palavra, sem a gritaria que divide. Porque, como diz a canção: “nem tudo está perdido”.

E quando a gente canta — mesmo cansado — é porque ainda acredita. E acreditar, no Brasil de hoje que degringola ladeira abaixo, já é um ato de coragem. É um ato de puro amor. Então, meus fiéis leitores das Crônicas de Fim de Semana, peço licença para me unir a Jorge Aragão e convocar vocês:

Bora para esse mutirão?

Prometo que não precisa trazer vassoura, nem rodo, nem água sanitária — só boa vontade, um sorriso na cara e disposição para cantar sempre que for possível, como está expresso na letra de Jorge Aragão.

E, para quem ainda não conhece a música, faça esse favor a si mesmo: ouça Mutirão de Amor.
Deixe a melodia bater no peito e, dela, derive uma atitude que apague o fogo dessa criminosa polarização.

Porque, afinal, como diz o poeta: o fim do mal pela raiz, nascendo o bem que eu sempre quis, é o que convém pra gente ser feliz.”
E que assim seja — hoje, amanhã e sempre.

Amém!
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Nota de responsabilidade

As opiniões expressas neste texto são de inteira responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a posição editorial deste jornal.

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CRÔNICA DE FIM DE SEMANA - Sou impaciente e tenho motivos de sobra


CRÔNICA DE FIM DE SEMANA –
SOU IMPACIENTE E TENHO MOTIVOS DE SOBRA

Arimar Souza de Sá

Os dias me atravessam como setas. Às vezes, acordo com a sensação de que o Brasil inteiro perdeu o compasso — e virou um cabaré de quinta... O clamor social apavora, e a desesperança faz folia nessa aventura de túmulos gestados pela impaciência humana. O tic-tac do relógio me incomoda: nascimento, vida e morte, sempre no mesmo compasso. Nas ruas de Porto Velho, o cansaço se revela cedinho. Trânsito travado, “espertos” furando fila, buzinas nervosas e manchetes sombrias no rádio do carro compõem o retrato de um país esgotado.

A paciência virou artigo de luxo: falta nos hospitais, repartições, conversas e redes sociais, onde a busca por likes transforma a fama em mercadoria e o caráter em mero detalhe.
Entristece-me ver filas intermináveis nos hospitais e o desprezo pelos pacientes que esperam por uma cirurgia ou uma simples radiografia — vítimas de uma “regulação” que, em Rondônia, virou deboche. No João Paulo II, homens e mulheres se amontoam em macas, como em tempos de guerra — um horror, um pecado mortal coletivo.

Mesmo na maturidade, continuo inquieto diante da burrice abissal das trevas que sufocam a inteligência e o conhecimento humano. Quando a serenidade me visita, a inteligência me agrada, a sabedoria me apavora favoravelmente, e a burrice de certas autoridades me faz lastimar.
Como pode a Assembleia conceder título de cidadão a Benjamin Netanyahu e a um personagem enrolado até o talo no escândalo do INSS? É zombar da ética e da história de um povo que ergueu este Estado com suor e esperança. Lamentavelmente, a politicagem, as vaidades e o compadrio substituíram a razão. As decisões judiciais, às vezes, afrontam o próprio Direito. E a moral derretida de “gente grande” apaga tradições e memória. Credo, como essa gente virou lobo de si própria!

Revolto-me com os solavancos do cotidiano — no crepitar dos fardos que carrego, seja como comunicador, no programa A Voz do Povo, seja no exercício do Direito. Talvez, por envelhecer mais um ano no último dia 06/10, tenha ficado mais exigente e não tolere os templos onde o vil metal é exaltado sob o pretexto de “religar o homem à divindade”, nem os políticos que criticam adversários e depois repetem seus erros.

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Sinto-me impaciente com a fome que grassa em pleno século XXI, enquanto o governante diz tê-la erradicado e doa o suor do povo às ditaduras para fortalecer ideologias. Assusta-me a violência que domina as cidades, com mães sepultando filhos, e entristece ver pais que abdicam de educar, deixando os rebentos expostos às telas, às ruas e às drogas.

Quando a dor me abate, rogo a Deus que não a entregue a mais ninguém — nem a do corpo, nem a da alma, nem a da fome que açoita os pedintes das ruas. Mesmo impaciente, gosto de ver as chuvas do inverno amazônico: nelas, sinto o banho de Deus na humanidade portovelhense.

Talvez por isso eu me reconheça impaciente — não com o tempo que passa, mas com o que se desperdiça em discussões inúteis.
À noite, tento desanuviar, mas a TV despeja guerras de narrativas da tal polarização e muita violência.

Porque sou impaciente, quero para mim e para todos um espaço digno de viver — como os passarinhos que beijam as flores nos ninhos celestiais do Criador.

Rejeito toda torpeza e consagro a vida que levo nos meus momentos de paz. Vibro com o sorriso das crianças e o olhar sereno dos mais velhos.
Curvo-me à experiência dos mestres — e à grandeza da sabedoria humana, especialmente quando entrevisto o ex-senador Amir Lando.
Adoro a quilometragem dos anos e a busca incessante do saber e seu exercício.

Quero permanecer simples: leitor inveterado, amante do rádio, do sol e da poesia.
Escrevo crônicas desde a década de 1980 e as gesto vestindo-me da inocência dos tempos da Baixa da União, quando eu teimava que a lua era o sol e que nela morava São Jorge, espada em punho, pronto para matar os inimigos do mundo.
Reconheço: somos iguais na essência e na vontade de Deus.

No final, com o sinal da cruz, repito a oração que me comove:

“Benditos sejam os que chegam em nossas vidas em silêncio, com passos leves, para não acordar nossas dores, não despertar nossos fantasmas, não ressuscitar nossos medos.”
“Benditos sejam os que se dirigem a nós com leveza, falando o idioma da paz.”
“Benditos sejam os que tocam o coração com carinho e aceitam nossos erros e imperfeições.”
“Benditos sejam os que escolhem ser doação.”
“Benditos sejam, enfim, os seres iluminados que nos chegam como anjos, flor ou passarinho, que dão asas aos nossos sonhos e escolhem ficar e ser ninho ao lado de nossas fraquezas.”

E lembro Mário Quintana:
“Eles passarão... eu, passarinho.”

E, somente assim, nas sendas da poesia e da resiliência, talvez um dia minha impaciência se dissolva no colo da eternidade.
Por enquanto, vou tentando administrá-la como Deus vai deixando.

Que assim seja. Amém!

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA - O Coração — Entre a poesia, o ódio e a dor de cotovelo, por Arimar Souza de Sá

 CRÔNICA DE FIM DE SEMANA

O Coração — Entre a poesia, o ódio e a dor de cotovelo

Foto - Edição Gemini

Arimar Souza de Sá

Sempre ele! Se não fosse ele, a humanidade seria insulsa, insípida, fria, ‘xacoco’, pífia, reles, chulé...
Falo do coração — esse tambor que bombeia sangue, saudade e, às vezes, raiva à beça...

É do coração que nascem as grandes façanhas, os surtos de coragem, as lapadas no peito aberto do desavisado e as mais inspiradas poesias. Ele é o culpado pelos maiores amores e pelos piores arrependimentos.

Olha só Drummond, filósofo das dores humanas:
“Mundo, vasto mundo, meu coração não é maior que o mundo. Nele cabem as minhas dores. O vasto mundo, o vasto e triste coração.”
Poesia assim é bisturi: abre o peito e remexe tudo lá dentro, sem anestesia.

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Na música Fumo, Fagner e Florbela Espanca parecem ter escrito com o peito em carne viva:
“Longe de ti são ermos os caminhos. Longe de ti não há luar nem rosas. Longe de ti há noites silenciosas, há dias sem calor, beirais sem ninhos...”
O coração, ao ler isso, suspira igual adolescente que levou o primeiro fora. Ave Maria!

O compositor Accioly Neto foi direto ao ponto e pôs o dedo na ferida:
“Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim, um grande amor não se acaba assim, feito espumas ao vento...”
E é nessa hora que o coração, iludido, pede bis e ainda quer tentar de novo. Aí ‘guenta’, coração — como diria José Augusto, com aquele drama que faz até o garçom chorar.

Cecília Meireles, na sua Canção Excêntrica, suspira cansaço:
“Meu coração, coisa de aço, começa a achar um cansaço, está à procura de espaço para o desenho da vida.”
Quando até Cecília está cansada, é sinal de que o coração quer férias com tudo pago.

Pablo Neruda, como sempre, fez do coração uma revolução poética:
“Para o meu coração basta o teu peito, para a tua liberdade as minhas asas.”
E lá se vai o coração bobo, acreditando que asas bastam para fugir da desilusão — coitado, mal sabe que o pouso é forçado.

O poeta Mário Quintana explicou com delicadeza divina:
“Foram-nos dadas duas pernas para andar, duas mãos para segurar, dois ouvidos para ouvir, dois olhos para ver… mas por que só um coração? Porque o outro foi dado a alguém para nos encontrar!”
Em muitos casos, parece que entregaram esse músculo na portaria errada e esqueceram de avisar.

E Rui Barbosa, que nunca perdeu a chance de filosofar, escreveu na sua Oração aos Moços:
“Para o coração, pois, não há passado nem futuro, nem ausência. Ausência, pretérito e porvir, tudo lhe é atualidade, tudo presença.”
Traduzindo: para o Asa de Águia, o coração é uma máquina do tempo sem botão de desligar.

Pois bem, depois de tanta elucubração, voltemos ao mundo real, onde o coração é testado todos os dias — e geralmente reprovado.

Na política do passado, o coração andou aprontando das suas. Pedro Collor, movido a ciúmes, feriu de morte a imagem pública do irmão Fernando. Revelou que o presidente usou uma crise marital de Pedro para se aproximar da cunhada Tereza. Ali, nenhum dos dois teve coração — nem vergonha na cara.

Na política recente, a facada de Adélio Bispo, em Juiz de Fora, não foi só contra Bolsonaro — foi um golpe no miocárdio simbólico do país. Faltou coração ao criminoso e sobrou ódio para o noticiário e para o mandante.

E de lá pra cá, estamos mergulhados numa polarização tóxica. Cada lado acha que é dono da verdade, e o coração virou apenas músculo, sem função simbólica. O país parece um divórcio litigioso, só falta disputar na Justiça a guarda do simpático cão caramelo. No fim, o coração vai parar na mesa do advogado e o cachorro na casa de quem comprar a melhor ração.

E sejamos francos: quando Lula prometeu picanha com gordurinha passada na farinha e cervejinha gelada e entregou abóbora, é sinal de que o coração do barbudo foi perverso — ficou de pirraça na churrasqueira.

Mas sejamos justos: o coração sofre mais por amor do que por política. Sofre pelo crush que virou ex, pela mensagem visualizada e não respondida, pela playlist de sofrência que insiste em torturar a cabra apaixonada. O coração faz hora extra e não ganha adicional noturno, coitado.

E sofre mais ainda quando leva chifre — porque não há nada mais democrático que a traição. O coração é o primeiro a ser traído, a testa é coroada depois, e o coitado do corno fica ali tentando colar os cacos da dignidade no fundo da garrafa de cerveja. Alguns viram poetas, outros viram memes, e no final todos viram estatística.

Para esses, o hino oficial só poderia ser Reginaldo Rossi, psicólogo não remunerado das madrugadas de bar. Mesmo morto, ele segue cantando com a alma:
“Me dê um pouco de atenção, quero abrir meu coração e lhe contar do meu fracasso. Amo demais uma mulher que agora diz que não me quer, que sente amor em outros braços...”
E aí, metade do bar chora, a outra metade pede mais uma dose e jura que nunca mais se apaixona — até tocar a próxima música.

Aliás, a dor de cotovelo é o drama preferido da humanidade. A gente se despede do grande amor, abraça o travesseiro e fica esperando um “oi sumido” que nunca vem. A dignidade vai para o espaço quando começamos a stalkear a vida alheia às três da manhã. O coração, coitado, fica com olheiras de tanta insônia.

Quem nunca levou um fora que atire a primeira caixa de bombons — mas que sejam recheados, porque sofrer de barriga vazia é crueldade com o miocárdio.

No dia a dia, haja coração para aguentar os desvios de recursos, a corrupção que arranca dinheiro da saúde, da educação e até da aposentadoria dos velhinhos. É como se tivessem colocado o Brasil na mesa de cirurgia, feito um transplante de caráter e esquecido de costurar o peito. O resultado é esse que está aí: impunidade para uns e dor no peito para todos.

A ladroagem de parte da classe política — especialmente dos ‘cumpanheros’ — “safenou” o coração do Brasil. Desde então, vivemos à base de marca-passo moral, tentando sobreviver a cada escândalo. De tanto apanhar, o coração do brasileiro já anda protocolando pedido de aposentadoria compulsória.

Mas, quando tudo parece perdido, só resta olhar para o céu e pedir socorro. Pedir que Cristo, com o Seu Sagrado Coração, interceda junto ao Pai por juízo, misericórdia e uma pitada de esperança. Repetir, com humildade, a frase dita na Cruz:
“PAI – PERDOA-LHES, PORQUE ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM.”

Esse, sim, é o perdão do verdadeiro coração: o que cicatriza dor de cotovelo, consola corações cornificados, resgata o amor e devolve ao mundo o que ele mais precisa — humanidade.

Porque, no fundo, é o coração que faz o herói correr para salvar o amor da sua vida, que faz o político chorar no horário eleitoral, que faz o corno perdoar a ex, que faz o poeta rimar madrugada adentro e que faz o brasileiro levantar no dia seguinte dizendo: “vai dar certo”.

Um brinde, então, a esse velho coração atrevido e teimoso: que apanha, perdoa, se apaixona de novo — e ainda tem a cara de pau de bater mais forte do que da vez anterior.
Um safado, mas indispensável.

Amém!

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA - O ódio que adoece a alma do Brasil e nos afasta uns dos outros

 CRÔNICA DE FIM DE SEMANA

O ódio que adoece a alma do Brasil e nos afasta uns dos outros

Arimar Souza de Sá

foto - edição Rondonoticias

Os dias que correm têm imposto um pesado ônus à vida de todos nós — sobretudo àqueles menos favorecidos pela sorte. Os noticiários estão carregados de fatos ruins, com a dor dando lastro a batalhas penosas. É a tal da briga do bem contra o mal.

Vivemos tempos em que o ódio parece ter feito morada no coração de muitos brasileiros e, como um veneno servido em pequenas doses diárias, ele vai entorpecendo o espírito e enferrujando os sentimentos mais nobres. E o pior: está em todo canto — em casa, na rua, no ambiente de trabalho, no lazer, na imprensa, e até na caneta... Como fogo de palha, se alastra rapidamente e consome tudo ao redor: amizades, famílias, vizinhanças e, principalmente, a paz interior — pois vitima tanto o odiento quanto o odiado.

Há homens — e não são poucos — que ruminaram e cultivam o ódio durante toda a vida. Alimentaram mágoas como quem cultiva espinhos em vez de flores. Armazenaram ressentimentos como quem guarda um punhal no bolso, esperando o momento certo de ferir alguém para satisfazer seus instintos bestiais e dar o troco. E nesse apego às feridas, adoeceram — tornaram-se pessoas sem vida, sem rumo, amargas. O corpo se curvou, o espírito se fechou, o coração se enrijeceu como pedra, e eles foram se lascando sozinhos, coitados, sem nunca mudar seu modo de ser, e tudo indica que vão para a cova assim.

O ódio, ao contrário do amor, não cria pontes — cava abismos. É uma chaga invisível, uma febre que arde por dentro e transforma pessoas inteiras em ruínas emocionais. É comum cruzarmos com esses seres minúsculos por aí, abrindo fendas e ruínas no meio social em que vivem.

Durante minha vida profissional — ainda na juventude — seja no Incra, no Banco do Estado de Rondônia, na Procuradoria do Estado, ou simplesmente na convivência comum com pessoas do cotidiano, vi essa tragédia de perto. Estive próximo de homens que, mesmo instruídos e capazes, deixaram o ódio enraizar-se como erva “braba” em terreno fértil. Era repugnante conviver com eles, mas tive que suportar, não tinha a quem recorrer para me ver livre desses tipinhos. Eram prisioneiros de si mesmos, encarcerados em celas cujas chaves haviam eles próprios jogado fora e se debatiam fazendo brutalidade com que estivesse ao seu redor.

Recordo-me, em especial, de um vizinho que tive. Com o passar dos anos, foi se afastando do convívio social. Já não recebia visitas, não aceitava conselhos, falava da vida de todo mundo às escondidas e, quando confrontado, era um covarde — mesmo carregando uma arma de fogo na cintura, em razão da profissão.

Com o tempo, tornou-se como uma nulidade, uma casa sem janelas: a luz não entrava mais e o ar já não circulava. Já abraçado à solidão, somada ao ódio e à inveja que ruminava, foi consumindo a si próprio dia após dia e se desfazendo por dentro, como carniça que apodrece ao relento. Sua existência tornou-se um lamento digno de pena e acabou isolado do convívio com os demais vizinhos.

Hoje, o Brasil vive assim — uma crise que vai além da inflação, dos escândalos ou da instabilidade política. A verdadeira crise está instalada na alma da nação. O ódio tornou-se o epicentro de tudo — como um terremoto silencioso que trinca os alicerces invisíveis da sociedade. Ele se alastra nos discursos, com o intuito de minar o adversário; se espalha nas redes sociais; se infiltra nas rodas de conversa; e se entranha até nos lares mais antigos. Amigos de infância se evitam, irmãos se bloqueiam, colegas se atacam. O Brasil adoeceu, está partido — e não apenas no mapa.

É urgente, então, que surja uma liderança que una, que pacifique, que cure esse “Brasilzão de Meu Deus”. Alguém com a estatura de Ulysses Guimarães, que ergueu a Constituição e a denominou de “Cidadã”, como quem levanta um livro sagrado em pleno campo de batalha. Dr. Ulisses foi homem de diálogo e coragem serena, que via no adversário um cidadão a ser ouvido, e não um inimigo a ser esmagado — como fazem hoje com o ex-mandatário da nação. Precisamos de um nome cuja ideologia não chafurde na vermelhidão, que não grite para se impor, nem crie narrativas para ludibriar o povo, mas que fale para reconciliar.

Jesus Cristo, em sua infinita sabedoria, ensinou que devemos perdoar “setenta vezes sete”. E mesmo cravado na cruz, no auge da dor e da injustiça, teve forças para dizer: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. De certo, o Pai Celestial sabia que o ódio é como um rio de água contaminada — por onde passa, tudo morre. E que o caminho da vida está no amor, na compaixão, no perdão — e jamais no rancor ou na desforra para saciar o orgulho ferido.

É triste ver amigos antigos, brigarem por conflitos de ideologia, ou marido e mulher que compartilharam alegrias e dificuldades, terminarem seus dias separados por palavras atravessadas, ou por orgulho ferido e não digerido, cultivando a guerra — mesmo tendo gerado filhos.

O orgulho, aliás, é irmão gêmeo do ódio. Ambos moram no mesmo coração trancado por dentro. Impedem o perdão, bloqueiam a palavra “desculpa” e tornam impossível o simples gesto de estender a mão.

Precisamos desarmar os espíritos e dar um tranco no ódio e nas desavenças por besteira. A paz começa dentro de cada um de nós. É preciso coragem para perdoar, grandeza para pedir perdão e humildade para ouvir — sem medir consequências. O ódio mata — se não o corpo, certamente a alma.

O Brasil, polarizado e com tantos miseráveis a mendigar um pedaço de pão, clama por pacificação. Precisa de cura — mas não aquela prescrita por decretos, tribunais ou sentenças frias e desumanas. Ela nascerá no dia em que o coração do povo reaprender a amar e, sobretudo, quando os poderosos deixarem de usar a caneta como instrumento de vingança e a empunharem como ferramenta de justiça, como ensinou Santo Agostinho em sus célebre frase: “Devemos combater o erro, não o homem”.

E somente assim, poderemos reencontrar a paz, reconstruir os afetos e devolver à nação o caminho da concórdia e da esperança que ela tanto precisa.

PENSE NISSO!
AMÉM!

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Investimentos do governo de RO em mais de 36 quilômetros na RO-370, beneficiam Colorado do Oeste e Cabixi

O governo de Rondônia avança nos serviços de melhorias da infraestrutura viária do estado. Foram concluídos pelo Departamento Estadual de Estradas de Rodagem e Transportes (DER-RO) mais de 36 quilômetros de microrrevestimento asfáltico na RO-370, na sexta-feira (14), no trecho que liga Colorado do Oeste a Cabixi. A iniciativa visa aumentar a durabilidade da via, proporcionar mais segurança aos motoristas e otimizar a trafegabilidade na região.

Foram realizados mais de 36 quilômetros de microrrevestimento asfáltico na RO-370


O trabalho foi realizado sob a coordenação das usinas de asfalto do Departamento. De acordo com o coordenador, Lucas Albuquerque, o microrrevestimento garante maior segurança e resistência no asfalto, além de contribuir com o desenvolvimento da região. “Essa é uma Rodovia estratégica para a economia da região, pois facilita o escoamento da produção agrícola e garante melhores condições de transporte para os moradores”, evidenciou.


Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, os investimentos na infraestrutura rodoviária do estado são fundamentais para garantir estradas em boas condições para a população, promovendo o desenvolvimento e segurança para quem precisa se deslocar.


SEGURANÇA E TRAFEGABILIDADE


Israel Lopes mora em uma linha próxima à Rodovia-370 e fez questão de conferir a obra de perto. “O serviço aqui está muito bom. Para mim, que ando de bike todos os dias, agora está excelente. Vou pedalar sem buraco e nenhum risco de cair. Esse microrrevestimento trouxe mais segurança não só para mim, mas para todos que passam por essa Rodovia”, disse o morador.

Israel Lopes mora em uma linha
próxima à Rodovia-370
O diretor-geral do DER-RO, Eder André Fernandes, ressaltou a relevância da obra para a infraestrutura estadual. “Estamos trabalhando continuamente nas rodovias do estado, a fim de garantir melhores condições de tráfego e segurança para os rondonienses. O microrrevestimento realizado na RO-370 é um passo importante para manter a durabilidade dessa via tão essencial para a região.”


Com essas melhorias, o governo do estado reforça a missão de modernizar e manter as rodovias estaduais, promovendo o bem-estar da população e impulsionando a economia local. (Governo de Rondônia)

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