Ativista brasileiro, Thiago Ávila, que estava na embarcação, também foi detido pelo Exército israelense e voltará para o Brasil
A ativista sueca do clima e dos direitos humanos Greta Thunberg foi deportada de Israel em um voo para a França nesta terça-feira (10), após ser detida pelo Exército israelense, juntamente com outros ativistas a bordo de um navio de ajuda humanitária com destino a Faixa de Gaza.
“Greta Thunberg acaba de partir de Israel em um voo para a Suécia (via França)”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores de Israel em uma publicação no X, ao lado de duas fotos da jovem ativista a bordo de um avião.
Thunberg, de 22 anos, é uma conhecida ativista climática que há muito evita viagens aéreas, tendo viajado de barco para uma conferência sobre o clima em Nova York em 2019.
Pelo menos cinco de seus companheiros de tripulação, que também foram detidos a bordo do barco de ajuda humanitária Madleen na segunda-feira (9), recusaram-se a concordar em partir voluntariamente e serão deportados, segundo o Ministro das Relações Exteriores da França nesta terça-feira.
“Ontem à noite, nosso cônsul pôde ver os seis cidadãos franceses que foram presos pelas autoridades israelenses. Suas famílias foram contatadas. Um deles concordou com a partida voluntária e deve retornar hoje. Os outros cinco serão deportados”, escreveu Jean-Noël Barrot em uma publicação no X.
Uma das cidadãs francesas detidas por Israel na segunda-feira é Rima Hassan, deputada do Parlamento Europeu.
“Nos últimos dias e horas, o Presidente do Parlamento Europeu tem mantido contato constante com as autoridades israelenses... para garantir a segurança da deputada europeia, Rima Hassan, que estava a bordo do barco Madleen, e de todos os que a acompanhavam”,
disse Delphine Colard, porta-voz do Parlamento Europeu, na segunda-feira.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel havia informado anteriormente que qualquer pessoa que se recusasse a assinar os documentos de deportação e deixar Israel seria levada perante as autoridades judiciais para autorizar sua deportação.
Embarcação com destino a Gaza
A tripulação detida do navio de ajuda humanitária com destino a Gaza, interceptado por Israel na manhã de segunda-feira, atracou no porto israelense de Ashdod na noite de segunda-feira, segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel.
O Madleen faz parte da Coalizão Flotilha da Liberdade, uma organização que faz campanha contra o bloqueio israelense a Gaza e tentou romper o cerco de barco.
A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC na sigla em inglês) afirmou que os militares israelenses “atacaram” e “abordaram ilegalmente” o Madleen, que tentava entregar auxílio a Gaza.
O território palestino vive mais de 600 dias de guerra e um bloqueio israelense de 11 semanas a toda a ajuda humanitária, que mergulhou os 2,1 milhões de habitantes em uma crise de fome ainda mais profunda.
A Anistia Internacional também condenou a detenção dos ativistas.
“A operação de interceptação e bloqueio do Madleen no meio da noite e em águas internacionais viola o direito internacional e coloca em risco a segurança das pessoas a bordo”, afirmou Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, em um comunicado.
Em declaração à CNN, Israel afirmou que “está impedindo a entrada de todas as embarcações na Faixa de Gaza, conforme o direito internacional”.
Israel prometeu repetidamente impedir que o barco de ajuda humanitária chegasse a Gaza e descreveu o navio como um “iate para selfies” transportando “celebridades”.
Bloqueio de ajuda humanitária em Gaza
O país impôs um bloqueio humanitário total a Gaza em 2 de março, cortando o fornecimento de alimentos, suprimentos médicos e outras ajudas aos mais de 2 milhões de palestinos que vivem no território por 11 semanas.
Diante da crescente pressão internacional, Israel começou a permitir o envio de ajuda em pequena escala no final de maio.
Mas organizações humanitárias afirmam que se trata somente de uma fração da ajuda que chegou ao território antes da guerra e alertaram para o agravamento da crise humanitária e o risco crescente de fome generalizada.
Um relatório apoiado pela ONU alertou no final de abril que uma em cada cinco pessoas enfrentava a fome.
Dezenas de palestinos foram mortos na última semana, enquanto tentavam obter ajuda de um novo grupo apoiado pelos EUA, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF na sigla em inglês).
O grupo pretende substituir o sistema de distribuição de ajuda humanitária liderado pela ONU em Gaza.
As Nações Unidas alertaram que o novo mecanismo de distribuição se tornou uma “armadilha mortal” para pessoas desesperadas em busca de comida na Faixa de Gaza. (CNN BRASIL)