Últimas Notícias
Brasil

MULHER SERINGUEIRA - Lodi, mestre das letras, lança “Varadouro”, contando a história de Maria da Onça

MULHER SERINGUEIRA

Montezuma Cruz*

Foto - Edson Lodi e Maria Gomes

Ao longo de duas décadas o escritor, jornalista e poeta Edson Lodi Campos Soares vem resgatando notáveis personagens da Amazônia Brasileira, cuja vida já não passa mais despercebida. Ele agora lança “Varadouro”, seu mais recente livro, contando a história de Maria Gomes da Silva, conhecida como Maria da Onça. Nascida em Lábrea (AM), a 373 quilômetros da Capital de Rondônia, e a 852 Km de Manaus, dona Maria seria mais uma anônima entre os seringueiros da região, não fosse o escritor tê-la conhecido. Ela se mudou para o Acre.

“Varadouro”, que saiu pela Capella Editorial, retrata a dura lida de uma dessas milhares de mulheres seringueiras. “Ela faz parte de histórias subestimadas, difusas como a sombra das porongas dos maridos e companheiros, mas que carregam prodigiosos testemunhos da vida na floresta”, relata Lodi.

foto - Livro Varadouro

O livro apresenta vegetais e animais da floresta, com seus nomes, histórias e mistérios.

Lodi viagem todo ano para lugares distantes mais de 2 mil Km de Brasília: Cruzeiro do Sul (AC), Rio Branco (AC), Manaus (AM), Porto Velho e Tefé (AM). Em alguns deles despertou-lhe o desejo de conhecer e ouvir relatos de pessoas que nasceram, ainda trabalham, e nunca saíram dali.

foto - Maria Gomes


Dona Maria é daquelas que zela pelo acampamento, organiza ferramentas, caça, pesca, coleta, e até enfrenta onças para proteger corajosamente suas famílias e locações.

Convivendo com a rotina dessa personagem, o autor expôs o seu sentimento de admiração e compreensão do quanto ela simboliza em seu trabalho árduo, porém, exercido com vontade e persistência.

Antigos seringais e alguns remanescentes, sempre foram palco da mulher. Por tradição, mulheres em seringais amazônicos se destacaram em seu protagonismo, esforçando-se na extração diária do látex nas árvores e na paciência para conseguir a organização comunitária que lhes asseguram os mínimos direitos.

O trabalho de resgate de personagens que Lodi desenvolve sempre presente em cantões amazônicos já é conhecido por um público que aprecia histórias de pessoas simples espalhadas por Rondônia, Acre e sudoeste amazonense.

Zeloso com o patrimônio cultural rondoniense, por exemplo, no livro “Cantiga de viola” Lodi transporta o leitor para a cidade de Porto Velho entre o final da década de 1960 e início de 1970, mostrando a valorização do cancioneiro popular por um homem que também doutrinou pela música: o mestre José Gabriel da Costa, fundador do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

Anteriormente, seu livro “Eu Vi a Lua – Histórias de Mulheres Ayahuasqueiras” (Editora Pedra Nova) apresentou “a beleza do semblante feminino permeado de lutas e vitórias, através das histórias de 12 mulheres que encontram no Vegetal (ou também Chá Hoasca, na União do Vegetal, e Daime, nas linhas religiosas do Alto Santo e da Casa de Jesus – Fonte de Luz) inspiração de vida e caminho espiritual.”

Agora, ele traz o viver amazônico de uma mulher irmanada a outras habitantes de seringais na região. Todas elas não se limitaram aos serviços caseiros e aos cuidados com a família; foram mães de família honradas, sustentaram a família, e ofereceram o seu grande quinhão à consolidação dos bons negócios de seringalistas.

 

📚 “Varadouro”

 Lançamento, dia 1° de julho, a partir das 19h30, na sede do Memorial José Gabriel da Costa, na Rua Abunã nº 1419, Bairro Olaria, em Porto Velho.



________________

*Chegou a Rondônia em 1976. Em dois períodos profissionais esteve no Acre, norte mato-grossense, Amazonas, Pará e Roraima, a serviço da Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil. Acompanhou a instalação do Centro de Triagem de Migrantes em Vilhena e a chegada dos recursos financeiros da Sudam, Polamazônia e Polonoroeste durante a elevação do antigo território federal a estado. Deu ênfase à distribuição de terras pelo Incra, ao desmatamento e às produções agropecuária e mineral. Cobriu Mato Grosso antes da divisão do estado (1974 a 1977); populações indígenas em Manaus (AM); o nascimento do Mercosul (1991) em Foz do Iguaçu, na fronteira brasileira com o Paraguai e Argentina; portos, minérios e situação fundiária no Maranhão; cidades e urbanismo em Brasília (DF).

-------------------------

Nota de responsabilidade

As opiniões expressas neste texto são de inteira responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a posição editorial deste jornal.


Publicidade


« VOLTAR
AVANÇAR »

Nenhum comentário

- Seu comentário é sempre bem-vindo!
- Comente, opine, se expresse! este espaço é seu!
- Todos os conduzidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário!

- Se quiser fazer contato por e-mail, utilize o redacaor1rondonia@gmail.com

Publicidade