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A violência contra a mulher – O ventre que gera vida não pode sangrar - por Arimar Souza de Sá

foto - edição Rondonoticias

Arimar Souza de Sá*

O Brasil tem sido pródigo e sangra suas mulheres. As estatísticas de agressões, estupros e mortes não são números: são epitáfios frios de uma sociedade adoecida. Cada dado é um grito interrompido, uma dignidade esmagada, uma vida reduzida a silêncio para engrossar as estatísticas.

Bater ou violentar uma mulher é uma das maiores indignidades morais da condição humana. É a violência em seu estágio mais bruto, animalesco e covarde. É a ruindade lançada contra quem carrega o dom sagrado de gerar a vida. Não há justificativa possível. Há crime. E crime exige punição firme, sem atalhos, sem desculpas, sem indulgência, sem nada...

O pior é que essa barbárie tem rosto. Tem endereço. Lembro de uma professora de Candeias do Jamari que denunciou o agressor, buscou ajuda e foi assassinada ao voltar para casa. Como se não bastasse, o criminoso ainda atacou o pai da vítima. Um retrato nu da brutalidade.

Ferir ou matar uma mulher — física ou psicologicamente — é escolher o tacape da barbárie quando o que se exige é razão, humanidade e civilidade. É transformar o lar em trincheira. É reduzir a vida à condição de posse. É o fracasso moral em estado puro.

Ora, é inadmissível que, em pleno século XXI, a violência contra a mulher cresça como erva daninha em terreno abandonado. Parece que a civilização engatou marcha à ré, resgatando práticas sombrias travestidas de modernidade. É o atraso com maquiagem nova. Cruz credo! O quadro é grave. Escandaloso. E exige reação imediata.

Se o debate ganha luz no Ministério Público de Rondônia, que essa luz seja farol — não lâmpada fraca. Mas nenhuma instituição, sozinha, dá conta do problema. É preciso que a sociedade feche fileiras, endureça o discurso e sustente, sem vacilos, a erradicação dessa chaga moral.

Façamos, então, cara feia — como tem feito o procurador de Justiça e escritor Heverton Aguiar — a esses pseudos-homens, valentões de quintal e covardes de consciência. Que o tema ecoe nos lares, nas igrejas, nas escolas, nas feiras, nos parlamentos e nos gabinetes do poder. Porque o silêncio também agride brutalmente.

Por honestidade os homens precisam reconhecer. A mulher já não caminha à sombra. Ocupa o centro da cena social — ainda que parte da plateia insista em aplaudir a violência. As estatísticas são o espelho quebrado de uma sociedade que evita encarar o próprio rosto.

Somam-se a isso outras mazelas, como a omissão vergonhosa no combate ao álcool e às drogas — caldeirões onde a violência doméstica ferve. As maiores vítimas são mulheres, mães e esposas, muitas delas feridas pela dor de filhos perdidos e companheiros dominados pela fúria entre quatro paredes.

Mas ainda assim, elas resistem. Rasgaram o véu mofado do machismo e se firmaram como pilares, faróis e bússolas de um novo tempo. Nunca devem ser silenciadas, violentadas ou exterminadas. Igualam-se — e muitas vezes nos superam — em inteligência, sensibilidade e força.

A esperança nasce quando a brutalidade recua, o diálogo avança e o feminicídio perde espaço. Quando construirmos uma sociedade de homens, não de “machos”. Quando expulsarmos a arrogância primitiva de nos julgarmos donos do mundo e das mulheres. Todos fomos gestados no ventre de uma mulher. Viemos ao mundo pelo milagre da coragem feminina.

Por isso, deixo um apelo direto ao homem do meu tempo: meça o peso moral de seus atos. Tens mãe, irmã, filha ou companheira. Ficarias inerte se a violência as alcançasse?

Então proteja. Respeite. Cuide. As mulheres são sementes do mundo — e nenhuma semente floresce sob o punho da brutalidade.

Que o amor, a inteligência e o respeito prevaleçam.
Que a violência seja lançada ao lixo da história.
Porque, enquanto houver silêncio, haverá sangue e vidas que não voltam mais.

Que Deus nos ajude. Amém.

O autor é jornalista, advogado e apresentador do Programa A VOZ DO POVO da Rádio Caiari, FM.

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