Contrariando as autoridades locais, incluindo o governador da Califórnia, o líder da Casa Branca convocou, no sábado, a Guarda Nacional para impedir atos antideportações. Os primeiros soldados já foram vistos em Los Angeles.
A vaga de protestos em Los Angeles contra as rusgas da Agência de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) fez com que o presidente norte-americano, o republicano Donald Trump, contrariasse as autoridades locais, do Partido Democrata, e ordenasse, na noite de sábado (domingo em Portugal), o envio de dois mil efetivos da Guarda Nacional. Pelo menos 300 soldados já chegaram à cidade, com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a acusar a Casa Branca de querer “mais caos”.
A 79.ª Brigada de Infantaria de Combate da Guarda Nacional foi enviada para atuar em três localidades diferentes na região metropolitana de Los Angeles. Soldados com equipamento de camuflagem e armas automáticas foram vistos diante de um complexo federal, que inclui um centro de detenção. Nas paredes, recados grafitados incluíam “Nossa Cidade”, “Libertem as Pessoas” e “F***-se o ICE”.
Os protestos no sábado centraram-se na cidade predominantemente latina de Paramount, onde agentes federais estavam reunidos num escritório do Departamento de Segurança Interna. Houve confrontos, com as forças de segurança a lançarem gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento, enquanto os manifestantes atiraram pedras e cimento.
A revolta, iniciada na sexta-feira, deve-se à detenção de mais de uma centena de imigrantes em situação irregular pelo ICE. Fernando Delgado disse à agência France-Presse que as rusgas foram “injustas” e que os detidos são “seres humanos como qualquer outro”. “Somos espanhóis, ajudamos a comunidade, ajudamos fazendo o trabalho que as pessoas não querem fazer”, completou o homem de 24 anos.
O clima de incerteza predominava no domingo, já que estavam previstas uma “mobilização em massa” na frente da Câmara municipal de Los Angeles e uma marcha LGBT – minoria que também é alvo do Governo federal.
Trump afirmou que a situação é um “desastre” e culpou as autoridades locais. “Estes protestos da Esquerda radical, movidos por instigadores e, muitas vezes, arruaceiros pagos, não serão tolerados”, escreveu o presidente, sem apresentar provas. “Além disso, a partir de agora, não serão permitidas máscaras nos protestos. O que têm estas pessoas a esconder e porquê?”, acrescentou. “Ele está a torcer pelo caos para poder justificar mais repressão, mais medo, mais controlo. Mantenham a calma. Nunca usem a violência. Mantenham a paz”, pediu o governador da Califórnia. O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, ameaçou ainda mobilizar os fuzileiros navais.
O que é a Guarda Nacional
É uma entidade híbrida que serve aos estados e ao Governo federal dos EUA. Normalmente opera sob ordens do estado onde está baseada, utilizando, inclusive, fundos estaduais. As suas tropas podem ser enviadas para missões a nível federal, se os estados assim quiserem.
Como Trump invocou
Forças militares federais não têm permissão para lidar com a aplicação da lei com civis, exceto numa emergência. O principal dispositivo para isto é a Lei de Insurreição, do século XVIII – utilizada em momentos de rebelião ou agitação. Trump não usou tal medida, mas uma legislação similar que permite a federalização da Guarda Nacional em caso de invasão, de rebelião contra o Governo dos EUA ou quando o presidente não é capaz de “executar as leis” do país.
Nenhum comentário
Postar um comentário
- Seu comentário é sempre bem-vindo!
- Comente, opine, se expresse! este espaço é seu!
- Todos os conduzidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário!
- Se quiser fazer contato por e-mail, utilize o redacaor1rondonia@gmail.com