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'Sou prova de que a inclusão é possível': Primeira aluna com paralisia cerebral da Unir defende TCC

Meirilane Xavier, estudante de Ciências Sociais, desenvolveu uma monografia sobre a inclusão no ensino básico em Porto Velho. Ela planeja atuar na área da educação e contribuir para a criação de políticas públicas.

Meirilane Xavier 


A estudante Meirilane Xavier, de 31 anos, tornou-se a primeira aluna com paralisia cerebral da Universidade Federal de Rondônia (Unir) a defender um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Sua pesquisa aborda o tema: “Inclusão de estudantes com paralisia cerebral no ensino básico no município de Porto Velho”.


Os avaliadores destacaram que o trabalho tem potencial para servir como base na promoção do acesso à educação. Além disso, foi considerado uma ferramenta inspiradora, incentivando outros estudantes com deficiência a ingressarem no ensino superior.


O tema do trabalho de Meirilane reflete sua trajetória na busca pela educação. Os desafios enfrentados desde o diagnóstico de paralisia cerebral despertaram na estudante o desejo de compreender as barreiras que existem nas instituições, que segundo ela, não conseguem garantir a devida acessibilidade.


Ao g1, a aluna relatou que não foi fácil conseguir se matricular em escolas públicas durante a infância. Após muitas tentativas, ela e sua mãe foram acolhidas por uma instituição. No entanto, o local não contava com profissionais capacitados para atender crianças com necessidades como as dela.


"Além da minha experiência pessoal, percebia também que a deficiência cerebral não era muito abordada nas discussões sobre deficiências, eu sentia que era necessário falar mais sobre esse público", pontuou a estudante.

Meirilane afirma que desistir nunca esteve em seus planos. Contudo, ao longo de sua trajetória acadêmica, enfrentou inúmeros obstáculos que dificultaram sua formação, como a falta de equipamentos adequados para estudar e os desafios relacionados à locomoção até o campus.


"Eu pegava quatro ônibus por dia para conseguir ir e voltar da universidade e muitas vezes chegava muito tarde em casa. Além disso, na época da pandemia, eu precisei estudar pelo celular, pois não tinha computador para me auxiliar", explicou a aluna.

A monografia de Meirilane é descrita pelos professores como um marco histórico. Barby de Bittencourt, orientadora da aluna, afirmou ao g1 que, embora existam políticas de permanência nas instituições, ainda há muito a ser feito para atender de forma adequada as pessoas com deficiência.


"Fico muito orgulhosa, ela é protagonista nisso tudo. Ela superou minhas expectativas pois foi persistente, sempre se mantinha firme e forte", comenta a orientadora.

Apesar de ter sido a primeira aluna com paralisia cerebral a apresentar um TCC na UNIR, Meirilane afirma que não sente ter feito algo extraordinário, pois acredita que a educação deve ser acessível a todos, independentemente de suas limitações.


"Isso deveria ser visto como algo natural, todos somos iguais, temos limitações visíveis e não visíveis. Não me vejo como exemplo de algo excepcional porque a educação é para todos", reforça Meirilane.

Após a graduação, Meirilane planeja ingressar em um mestrado em Educação, com o objetivo de contribuir para a criação de políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência. (g1ro)



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