Publicação pode ser baixada gratuitamente em site; confira como.
Nas capitais ou interiores do país,
os cerca de 265 mil Agentes Comunitários de Saúde (ACS) monitoram milhares de
famílias atendidas, verificam se as vacinas estão em dia, encaminham gestantes
para o pré-natal e outros serviços considerados de atenção básica. Eles também
carregam consigo o dom da escuta, acolhimento, parceria e bravura ao fazer com
que as pessoas tenham acesso ao que é delas por direito: um serviço de saúde digno.
Por ser da comunidade e vivenciar na
pele as mesmas questões dos moradores, Rose tem trato para explicar a eles que
ela não faz milagre com as inúmeras demandas que convive diariamente. A troca entre
o serviço prestado e a gratidão que as famílias sentem por ela torna sua
atuação profisisonal ainda mais especial. Para alguns atendidos em sua área de
atuação, Rosilene é mais que uma ACS. “É como se eu fosse da família. Não é com
todas, mais algumas delas me avisam tudo o que acontece como alguém que nasceu
ou morreu. Se caiu, brigou, teve febre... me param também em pleno domingo para
contar”, comenta Rose.
A quase
dois mil quilômetros de distância, em Cerrito, Rio Grande do Sul, não é
diferente com o Cleber Correia, 45. São 10 anos de profissão e hoje um dos 16
agentes comunitários que atendem o município de 6 mil habitantes. Em sua
responsabilidade há 121 famílias – antes de sua microárea de atendimento ser
ampliada eram 147 –, entre elas há aqueles que esperam religiosamente o dia da
visita de Cleber, quando sai de casa em casa com sua motocicleta, cujo barulho
já é de longe reconhecido pelas famílias. “Têm pessoas que realmente esperam só
pelo dia da minha visita. Que é o dia com quem eles podem conversar, desabafar
e contar sobre tudo que têm. As pessoas que eles têm mais acesso é com a gente.
Isso é muito legal, eu gosto porque me deixa bastante ligado com aquela
família”, ressalta ele que é grato pela relação de confiança que constrói todos
os dias com os moradores.
Também em
comum com Rose, Cleber passa por inúmeros desafios em sua jornada diária de
ACS, como tentar fazer encaixar as inúmeras solicitações das famílias com a
disponibilidade do sistema de saúde público.
Para ele, a questão fica ainda mais complicada quando se trata de crianças. No
entanto, questionado se mudaria de profissão, ele responde sem titubear. “Não,
não tenho nem ideia. Nem se tivesse uma proposta muito boa, eu deixaria de ser
agente comunitário de saúde”.
Rosilene
também não se vê com outra profissão. “Me sinto muito recompensada quando
consigo ajudar de alguma forma. Como está no livro, ser agente é ser um pouco
de tudo: psicóloga, assistente
social, enfermeiro e
professor. Mas, principalmente, ser como uma luz no fim do túnel para as
pessoas”, define.
Retrato do Brasil
O livro Caminhos
da Saúde tem realização da CEC Brasil, empresa que atua na área
de produção cultural, visando o impacto social, com patrocínio da Johnson &
Johnson, via Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria Especial de Cultura. Os
textos são da jornalista Angélica Santa Cruz e a direção fotográfica de Roberto
Setton. “A ideia desse livro surgiu ali entre 2019 e 2020. Quando a gente
começou a produção dele, já em março de 2021, estávamos no pico da pandemia. E
aí foi que ficou ainda mais evidente a importância de ter um projeto como esse
de contar a história de pessoas, como os agentes comunitários, que atuam no
sistema de saúde ajudando no combate de diferentes doenças”, revela Priscilla
Oliveira, que fez a parte de coordenação e organização editorial da obra.
A
publicação quis fazer um retrato do Brasil a partir desses profissionais que
estão na base do Sistema Único de Saúde e conseguem falar a língua das pessoas
que possuem mais dificuldade de ter acesso ao sistema. “Estes profissionais
criam vínculos e conhecem a fundo as famílias, se tornando a principal
referência destas pessoas quando elas precisam ser acolhidas por algum motivo.
Muitos agentes tiveram papel importante em levar melhorias para as comunidades.
São pessoas que vão falar com o prefeito e organizar manifestações para
conseguir uma fossa séptica, o saneamento básico de um bairro, por exemplo”,
destaca a escritora Angélica Santa Cruz.
Priscilla
também ressalta que a intenção foi fazer com que o livro fosse acessível ao
maior número de pessoas, por isso o download gratuito. O projeto conta ainda
com um audiobook, separado por episódios com cada história dos agentes disponível
no Spotify. Além disso, no site é possível conferir galerias
individuais com as fotos dos ACS.
“Tem mais
uma etapa que ainda vamos realizar que são 10 palestras em universidades do
país. A intenção é que seja, pelo menos, em duas instituições em cada região do
Brasil, para contar um pouco do processo de como foi a produção desse projeto,
além de dar um pouco mais de foco no trabalho dos agentes”, adianta Priscila.
30 anos de compromisso com a saúde
A ideia da
criação do livro surgiu como forma de celebrar os 30 anos de implantação
oficial do Programa Nacional de Agentes Comunitários de Saúde no Brasil,
completados em 2021. Ao longo de três décadas, o país passou a contar com cerca
de 265 mil ACS inseridos no âmbito da Estratégia de Saúde da Família.
“O livro
foi um presente para os Agentes Comunitários de Saúde. É uma forma de
valorização e estímulo para aqueles que se doam enquanto profissional e sempre
estão à disposição da comunidade, principalmente aos menos favorecidas do nosso
povo”, afirma Ilda Angélica Correia, presidente da Confederação Nacional dos
Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias (CONACS).
Atuando há
31 anos como Agente Comunitária de Saúde no município de Maracanaú, no Ceará,
Ilda encara a profissão como uma missão. “A disposição desses guerreiros faz a
diferença na vida dos cidadãos. Os agentes entendem sua profissão como uma
missão, pois enfrentam qualquer desafio, qualquer intempérie da natureza para
conseguir assistir à família que ele considera também a sua família”, conclui.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
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