Jovem conta como teve a vida transformada através da percussão
A música é uma das maiores manifestações culturais do mundo. Costuma-se dizer que ela une pessoas, propósitos e transmite uma energia que acalma, cura, transforma e muda vidas. Júlio César, 18 anos, morador de Diadema (SP) teve a sua vida modificada através da música. “Sem a música eu não seria algo muito bom porque, hoje em dia, dentro das comunidades de Diadema, sabemos que a coisa é bem feia. Se eu não tivesse conhecido a percussão ainda na infância, tenho certeza que estaria perdido por aí”, pondera o percussionista.
Atualmente, Júlio trabalha como educador social no mesmo lugar onde se capacitou, na Rede Cultural Beija-Flor, uma Organização Não-Governamental que atua há 28 anos atendendo crianças e jovens com idade entre 6 e 24 anos, em situação de risco ou vulnerabilidade social em Diadema e região. Júlio é mais uma das inúmeras pessoas auxiliadas pela instituição. Ele procura usar sua trajetória de como a música pode cumprir um papel importante na vida das pessoas. Na dele, os benefícios foram muitos: perdeu a timidez – antes era uma pessoa introvertida –, e contribuiu para maior foco nas aulas, rendendo um melhor desempenho na escola.
Na verdade, brinca ele, o amor pela percussão falava mais alto e, para
entender melhor as partituras ele tinha que dominar alguns conceitos de matemática. “Eu tinha que usar
conhecimentos que eu aprendia na escola. Então, como eu era apaixonado pela
percussão, automaticamente eu me esforcei na escola para conseguir ter destaque
na percussão e que, por outro lado, me fazia ter destaque na escola também”,
lembra. Ajudando outras crianças como educador social, ele espera não só
repassar os conhecimentos que tem, como também ser um exemplo de vida.
Para Ivone Silva, diretora da ONG Rede Cultural Beija-Flor, como na vida de Júlio, a música é um importante instrumento para incentivar a participação e, por isso, é uma grande aliada durante as aulas que a ONG disponibiliza. "A música auxilia os jovens a se conhecerem e a se comunicarem melhor. A arte da musicalidade torna tudo mais prazeroso e sensível, fazendo com que os jovens se expressem melhor e se tornem adultos empáticos e conscientes", explica.
Além de diversão, música também contribui na educação
Já é
comprovado cientificamente que a música auxilia no estímulo de memória e no
tratamento de doenças psiquiátricas ligadas ao aprendizado. O uso desse recurso
também contribui diretamente na sensibilização das crianças, para que se tornem
adultos mais humanizados e encontrem esforços e dedicação em meios
distintos.
O médico
psiquiatra Alexandre Valverde explica que a música possui capacidade de fazer
com que as pessoas absorvam conhecimento, seja através de canções próprias para
o ensino, onde as letras contêm conteúdos disciplinares ou não. "A relação
da educação com a música é conhecida desde a antiguidade e torna-se
extremamente prazerosa para o conhecimento. Ela facilita a recuperação da
memória e, por isso, muitos professores desenvolvem músicas dos temas abordados
na escola", explica, acrescentando que as melodias também auxiliam na
evolução de pessoas que possuem Autismo, Dislexia, Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) e diversos outros transtornos.
Assim como
outras linguagens artísticas que são ensinadas em sala de aula, a música deveria
fazer parte obrigatória na educação básica, defende
Fernando Gabriel músico, CEO e cofundador da empresa musitech STRM. Para ele, além
de todo potencial de complementaridade de desenvolvimento, a música também
ajuda no autoconhecimento, na postura e comunicação, sendo não só indispensável
na educação infantil, mas na formação de adultos também. "Todos esses
atributos do dia a dia, que são extremamente importantes para o desenvolvimento
e sucesso em uma carreira, seja ela qual for, podem ser desenvolvidos com a
ajuda da música", defende.
Pesquisas
nessa área mostram ainda que quando uma pessoa escuta música essa atividade
desregula em seu organismo os genes associados à neurodegeneração, remetendo a
música a uma função neuroprotetiva. "É cientificamente comprovado que a
arte e a música estimulam uma área do cérebro, que as disciplinas
convencionais, tradicionais das escolas não desenvolvem. A música mexe com a
área mais emocional e criativa do desenvolvimento do cérebro", complementa
Fernando.
Fonte: Agência Educa
Mais Brasil.
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