Consumidores pagam
caro em produtos com supostos benefícios que não são comprovados
cientificamente
Saber diferenciar quais substâncias químicas fazem mal para o ser humano e quais são benéficas é um dos primeiros passos para uma vida longe de contaminações.
Na água, nos produtos de beleza e higiene, alimentação, em tudo isso tem química e conhecer a composição das coisas é necessário para não ser enganado nem pagar mais caro pela falta de conhecimento. |
A química
está presente no dia a dia das pessoas mais do que se supõe e ela pode ser uma
aliada importante no cotidiano. Na água, nos produtos de beleza e higiene,
alimentação, em tudo isso tem química e conhecer a composição é necessário para
não ser enganado nem pagar mais caro pela falta de conhecimento.
Por exemplo, há quem pague até 15
vezes mais pelo famoso sal rosa do Himalaia, um produto que possui um marketing
forte sobre um benefício que não foi comprovado cientificamente. Trazendo outro
exemplo das prateleiras dos supermercados, está cada vez mais fácil levar para
casa, por engano, composto lácteo no lugar de leite em pó. Sem saber, os
consumidores adquirem um produto de qualidade inferior, pagando o mesmo preço
do produto de melhor qualidade ou até mais caro.
Por isso, saber um pouco de
química é importante para fazer escolhas conscientes e saber quais produtos
comprar, e essa é a resposta que a professora e doutora em Química Drª. Maria
Santiago dá aos seus alunos quando perguntam “para quê estudar química?”. A professora foi uma das convidadas do podcast
semanal da Sala dos
Professores, transmitido na última segunda-feira (20), para falar
sobre o as fake news envolvendo a química.
Em seu ponto de vista, a
professora defende que é preciso desconstruir a ideia de que se algo tem
química faz mal, e construir o pensamento questionador sobre quais substâncias
químicas estão presentes no produto. A professora listou alguns exemplos de
fake news envolvendo a química no cotidiano. Confira!
Sal rosa do Himalaia
Famoso por sua cor rosada e por
supostamente ter mais benefícios do que o sal comum, cientificamente não há
provas de que esse sal, de fato, seja melhor para a saúde. Segundo a revista
americana Time não existem evidências científicas dos reais
benefícios desse sal.
A professora Maria Santiago
explica que o sal rosa do Himalaia tem os mesmos benefícios do sal branco. “Ele
só não é tão processado, o que o deixa com a cor rosa, enquanto o sal comum
passa por um processo de refinação e fica com a cor branca. Mas é importante
saber que os dois tipos de sal são iguais quimicamente falando”, justifica.
Ainda segundo a professora de química, os fornecedores cobram muito mais caro
do que o sal comum por uma característica que supostamente esse sal tem.
“A linguagem científica é
deturpada para que com o marketing você consiga agregar valor e vender mais
caro. No final das contas a pessoa consome o mesmo produto, com o mesmo teor de
sódio, só que paga mais caro pelo sal rosa do Himalaia por causa de um
marketing equivocado”, frisa a doutora.
Leite em pó x Composto lácteo
“Trocar gato por lebre”, essa
expressão representa bem o que acontece quando o consumidor compra composto
lácteo achando que é leite em pó. As embalagem dos dois produtos são similares
e, se não prestar atenção, a confusão é garantida.
Conforme explica a professora
Maria Santiago, o composto lácteo é uma mistura de leite com outra substância,
tendo em sua composição uma porcentagem de soro de leite. “Quando você compra
leite em pó, aí tem-se o leite, mas o composto lácteo é feito em sua maior
parte de soro de leite. O composto não faz mal à saúde, mas as pessoas precisam
saber que estão pagando por um produto de qualidade inferior, que não é feito
totalmente de leite”.
Na opinião da professora, essa
informação tem que ficar visível nas embalagens, pois as pessoas têm que saber
o que estão consumindo. Ela mesma já se confundiu e levou o composto achando
que era leite em pó, já que estavam na mesma prateleira e com embalagens
parecidas. Quando reclamou com o supermercado, exigindo mais atenção para o
assunto, ouviu que não seria possível fazer o alerta uma vez que as pessoas não
comprariam o composto lácteo. “No final das contas a indústria quer lucrar
oferecendo um produto com qualidade inferior”, pontua a especialista em
química.
Alisantes de cabelo
“Qualquer substância que a gente
põe no cabelo tem química, seja para hidratar, condicionar ou fechar cutícula”,
afirma a doutora em química Maria Santiago. Segundo a especialista, quando a
pessoa diz que o produto é natural, sem química, está cometendo um equívoco
científico grave.
Conforme explica a doutora,
“qualquer substância que você usar no cabelo, que vai mudar a textura, tem
química.” Mas não precisa parar de cuidar dos fios. “Normalmente estamos
acostumados a aprender que tudo o que tem química é ruim, faz mal à saúde. Mas
precisamos diferenciar as substâncias que fazem mal e as que são necessárias.
Então quando for fazer um alisamento no cabelo é bom questionar qual é a
substância presente no produto e saber se é aprovado pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa)”, destaca.
A doutora alerta, ainda, para o
uso do formol, causador de reações perigosas para o cliente e, também, para
cabeleireiro. “O formol, de fato, destrói o cabelo. Na primeira vez que você
usa os fios ficam brilhantes, mas com a continuidade do uso pode desencadear
vários tipos de reação como queimaduras e queda de cabelo. É perigoso e tem
vários malefícios”, diz.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
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