Essa nova linguagem ainda é considerada um desvio da norma padrão
A linguagem neutra começou a ficar popular na internet, em
meados de 2020, como uma forma de substituir palavras masculinas e femininas
por elementos neutros. Mas seu uso ainda é polêmico e alvo de debates em
escolas e até no congresso.
Por enquanto, continua formalmente obrigatório o uso da norma culta da Língua Portuguesa por instituições públicas e privadas de ensino e bancas examinadoras de concursos públicos no país. |
Com o objetivo de ser inclusiva, a linguagem neutra - também
chamada de neo linguagem e linguagem binária - tem a intenção de acolher as
pessoas que não se identificam ou não se sentem confortáveis com os pronomes
masculinos e femininos existentes na gramática brasileira.
Pela proposta de uso, a linguagem neutra substitui os artigos “o”
e “a” nas palavras por “x”, “@” ou “e”. Assim, por exemplo, “todos” e
“todas” ficam “todes”, “aluno” e “aluna” ficam “alunx”.
A professora de redação Letícia Flores explica que a Língua
Portuguesa, assim como qualquer outra língua, é um código, e a linguagem
neutra é um código que serve aos falantes no processo de comunicação. “Se a
língua serve ao falante, ela vai evoluindo, se transformando de acordo com a
necessidade das pessoas. Por isso, é natural que a linguagem neutra ganhe
força”, afirma.
No contexto escolar, a professora de redação acredita que é
questão de tempo para que professores passem a falar sobre a linguagem neutra
nas salas de aula. “Na minha opinião, o caminho é esse. Os professores vão
precisar de um didatismo para ficar claro para esses jovens, e até mesmo para
os pais, que é dever do professor, em seu papel social, não só transmitir
conteúdo, mas de apresentar e explicar a ocorrência da linguagem neutra na
nossa língua. Agora, esse conteúdo não pode chegar na sala de aula de qualquer
forma. Isso tem que ser planejado porque essa linguagem ainda é considerada um
desvio da norma padrão”, salienta a profissional.
Linguagem neutra no Enem
De acordo com o Portal do Ministério da Educação (MEC), a
correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é
feita com base em cinco competências: dominar a escrita formal da língua
portuguesa; compreender o tema e não fugir do que é proposto; selecionar,
relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
em defesa de um ponto de vista; conhecer os mecanismos linguísticos necessários
para a construção da argumentação e respeitar os direitos humanos.
A professora Letícia Flores explica que a correção da
redação do Enem está submetida à norma padrão da Língua Portuguesa. Nesse caso,
a linguagem neutra ainda é vista como desvio de linguagem, um vício da norma
padrão, e tratando-se de uma prova o aluno está submetido às normas padrões da
língua.
“Pode ser que o aluno perca ponto por usar a linguagem
neutra no Enem. A penalização de cada competência acontece de 40 em 40 pontos,
então você vai de 0 a 200 para cada competência e vai somando de acordo com a
qualidade textual em relação a essas competências. Na dúvida, é melhor não
arriscar”, defende a professora.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
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